domingo, 5 de setembro de 2010

AL pára sem Riva; suplente enrola para posse e cassado ainda manda



 Fernando Ordakowki

Deputado cassado José Riva enfrenta processos e, mesmo assim, deve reconquistar vaga com votação expressiva
    José Riva vive um paradoxo. De um lado, está com mandato de deputado cassado por compra de voto nas eleições de 2006 e enfrenta dezenas de processos na Justiça por atos de improbidade junto à Mesa Diretora. De outro é um campeão em votação. No último pleito, ele garantiu o quarto mandato com 82.799 votos, o mais votado proporcionalmente do país. Seus correligionários apostam que desta vez, mesmo fora da Assembleia, o cacique do PP deve conquistar mais de 100 mil votos.

   Desde quando virou deputado, após trabalhar como corretor de imóveis e ocupar mandato de prefeito de Juara, José Riva vinha se alternando nos dois cargos mais importantes da Mesa Diretora, ora como presidente, ora como primeiro-secretário, que tem a atribuição de ordenar despesas. Hoje a Assembleia recebe um duodécimo mensal de aproximadamente R$ 18 mihões. Todo o repasse estava sob controle de Riva. Desde a decisão do Tribunal Regional Eleitoral, que o condenou por compra de votos num processo em Santo Antonio de Leverger, Riva não pisou mais os pés na Assembleia. Apesar disso, é ainda quem tem voz de comando.

     O novo presidente Mauro Savi (PR) até que ensaiou algumas mudanças, principalmente no quadro de pessoal, mas não conseguiu avançar. Ele fez um levantamento e chegou a conclusão de que precisa exonerar 280 ocupantes de cargos comissionados. Parou por aí. Savi se vê acuado. Não pode se indispor com os colegas parlamentares porque sua intenção é, se reeleito, disputar o cargo de presidente e precisará do voto da maioria. Ademais, deve gratidão a Riva. Sendo assim, cumpre ordens do deputado cassado que, à distância, monitora todos os procedimentos na Assembleia. Savi não está utilizando o gabinete da Presidência, que está fechado.
     As sessões ordinárias sem Riva se transformaram em reuniões relâmpagos. A maioria dos deputados falta, uns em solidariedade ao colega cassado, outros por causa da campanha à reeleição. Savi não conseguiu, sequer, dar posse ao suplente de Riva. Por incrível que parece, os próprios suplentes, como Gilson de Oliveira e Luizinho Magalhães, fazem jogo de cena para não ocupar a vaga. Querem "empurrar com a barriga" até as eleições. Ao mesmo tempo, aguardam o julgamento de recursos impetrados pelo ex-deputado junto ao TSE.
    Uns acreditam que Riva pode até ser consagrado nas urnas e dar a volta por cima. Outros entendem, porém, que o cacique do PP continuará acuado por causa dos processos na Justiça, o que o dificulta, por exemplo, de disputar uma eleição majoritária. Riva chegou até a ensaiar candidatura de governador ou de senador, mas recuou de imediato, voltando para a trincheira, assim que passou a sofrer bombardeio.
    Das vezes que foi presidente da AL, Riva teve como primeiro-secretário Romoaldo Júnior, Humberto Bosaipo, Silval Barbosa e Sérgio Ricardo. Já quando respondeu pela Primeira-Secretaria, foram presidentes Gilmar Fabris, Bosaipo, Silval e Sérgio.