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Da Reportagem
Uma apostila aplicada no curso de Atendimento em Hotelaria e Turismo, oferecido pelo governo do Estado no programa de qualificação profissional para a Copa de 2014, ofende e ridiculariza a história de quatro municípios mato-grossenses. A publicação é gerenciada pela Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas).
Barão de Melgaço, Poconé, Santo Antônio de Leverger e Cáceres, que integram o Pantanal mato-grossense, aparecem no livro, distribuídos aos mais de 200 participantes do curso, com informações que chocaram os alunos e a população. Os textos são idênticos aos do site de humor Desciclopédia (http://desciclopedia.org).
Sobre Barão de Melgaço, por exemplo, escreve “que de acordo com lendas passada de geração em geração, a primeira habitação naquele cu do mundo ocorreu com um tal de Lourenço Tomé em meados do século XIX, que cuidava de uma produção de sanguessuga medicinais”.
E ainda, “que o lugar era uma porcaria tão longe de Cuiabá que nem se derem ao trabalho de torná-lo um distrito”, diz o texto da apostila. Sobre a história atual, a publicação traz que “é mais um fétido brejo no Oeste do Brasil”.
A cidade de Cáceres é apresentada com uma série de outras barbaridades. Diz, entre outras asneiras, que Cáceres “foi fundada por um grupo de excomungados gatos de botas que carregavam bandeiras, índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias e fugitivos de um circo de horrores holandês”.
Mais adiante, continuando a “contar a história”, diz que na década de 70 uma praga destruiu toda plantação de manga do município, o que levou à morte, por fome, 40% da população”. A apresentação ainda aponta Cáceres como a cidade mais rica da Bolívia e mais miserável do Brasil, sendo a capital universal da poeira.”
Em Santo Antônio de Leverger, que fica a 30 quilômetros de Cuiabá, a apostila sugere que a grande atração da cidade “são os paulistas ignorantes que erraram o caminho para ver o Pantanal de Barão de Melgaço e acabaram lá”.
Continuando, informa que os “Bandeirantes que chegaram em Leverger se depararam com uma vasta beleza natural e diversidade ecológica e então falaram: 'Que porra de Pantanal o quê? Nós viemos aqui para pegar ouro”.
Poconé, no coração do Pantanal, também não foi poupada. A cidade, conforme o texto, foi fundada por “muambeiros, aventureiros, meretrizes, mercadores e outros tipos comum dos filmes de faroestes que, atraídos pela abundância do ouro, ficaram presos naquele fim de mundo para sempre.”
O mesmo livro aborda questão sobre postura e ética no atendimento ao turista e disponibiliza questão que avaliam o nível de conhecimento adquirido pelos alunos.
Apesar da identificação do erro que ridiculariza a história desses municípios, anteontem o governo pagou R$ 633,8 mil ao Instituto Concluir, entidade responsável pela elaboração da apostila e aplicação dos cursos.
A informação está registrada no Sistema Integrado de Planejamento e Contabilidade e Finanças(Fiplan) de Mato Grosso e pode ser acessada por qualquer cidadão(web.fiplan.mt.gov.br).
Fonte: Diario de Cuiabá
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