quarta-feira, 19 de junho de 2013

Alckmin e Haddad decidem voltar tarifa de ônibus e metrô para R$ 3

BRUNO BOGHOSSIANDO PAINEL

Após negociação entre os governos municipal e estadual, a tarifa de ônibus, metrô e trens de São Paulo voltará a custar R$ 3. O anúncio foi antecipado pela Folha, e anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito Fernando Haddad (PT), na noite de hoje, no Palácio dos Bandeirantes.
As novas tarifas começarão a valer na próxima segunda-feira (24). A integração pelo Bilhete Único voltará ao valor de R$ 4,65, mesmo para quem carregou o cartão após o aumento.

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Alckmin já falou que o retorno da tarifa para R$ 3 representa um "esforço" e acrescentou que serão cortados investimentos para que a mudança seja possível. Já o prefeito afirmou que "investimentos serão comprometidos" por conta disso.
O governo ainda não disse quais obras serão afetadas por essa redução nos investimentos. O secretário do Planejamento, Julio Semeghini, afirmou que está estudando alternativas.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) também fez uma entrevista coletiva na noite desta quarta-feira anunciando a redução da tarifa de ônibus. O valor que estavam em R$ 2,95 desde o início do mês volta para R$ 2,75.
A Folha apurou que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram com Paes também, além de negociar com Haddad.
PROTESTOS
Desde o reajuste das tarifas, São Paulo e Rio de Janeiro têm enfrentado vários protestos, assim como várias outras capitais do país. Ontem, um grupo tentou invadir a Prefeitura de São Paulo, e promoveu uma série de saques e depredações a estabelecimentos da região central.
Houve ainda pichações ao prédio da prefeitura e bandeiras hasteadas na frente do prédio foram arrancadas. Mais tarde, um grupo de pessoas ainda depredou e saqueou lojas da região central. Até a madrugada, ao menos, 63 pessoas tinham sido detidas.
No Rio de Janeiro, ocorreu na última segunda-feira, o maior protesto dos últimos tempos. Policiais do Batalhão de Choque entraram em confronto com um grupo de cerca de 300 manifestantes na ocasião, após a invasão do prédio da Assembleia Legislativa, que estimou os prejuízos em R$ 2 milhões.
Veja a íntegra do anúncio:
Alckmin
Duas palavras aqui. Primeiro, nossa total prioridade ao transporte coletivo, de qualidade. Estimular o transporte coletivo que a população precisa e deseja. A segunda é o compromisso com a cidade. Nós queremos tranquilidade na cidade, que a cidade funcione, para que os temas legitimamente levantados nas manifestações possam ser debatidos com tranquilidade. Então, quero dizer aqui que no caso do metrô e do tem, nós vamos revogar o reajuste, voltando a tarifa original de R$ 3. Sacrifício grande. Vamos ter que cortar investimentos, porque as empresas não suportar e não tem como arcar com essa diferença. Então, o tesouro paulista, o orçamento do Estado, vamos arcar com os custos, fazendo um ajuste na área de investimento, apertando o cinto, mas entendo que é importante para o transporte coletivo, que é prioridade, de alta capacidade e qualidade e de outro lado para a cidade para a gente poder ter tranquilidade e debater temas legitimamente colocados.
Haddad
Da mesma forma, a Prefeitura de São Paulo vem mantendo contato não só com o Governo do Estado, mas também com outros prefeitos de capitais, particularmente o Rio de Janeiro, que viveu este ano uma experiência muito parecida com a de São Paulo. Ou seja, o Rio de Janeiro também adiou o anúncio do reajuste para junho e quando fez o cálculo, já fez o cálculo com a desoneração do PIS/Cofins, razão pela qual houve essa pequena confusão de cidades que tinham aumentado em janeiro e estavam baixando e de São Paulo e Rio de Janeiro que, pegos no contrapé, apareceram como cidades que estavam aumentando no momento em que uma medida provisória desonerava o transporte público. Isso foi ruim para o debate público porque sinalizou equivocadamente que as desonerações não estavam sendo contempladas e já estavam sendo contempladas, razão pela qual o reajuste foi muito abaixo da inflação acumulada desde 2011. Mas, ainda assim, a proveito do diálogo com a cidade, eu reuni o Conselho da Cidade nesta semana, ouvi todos os conselheiros, conforme eu havia dito, eu não constitui um Conselho da Cidade para não ouvir em um momento delicado e também, para que o diálogo se restabeleça na cidade de São Paulo. Nós precisamos abrir a discussão sobre as consequências dessa decisão que foi tomada para hoje a para o futuro, porque conforme o governador disse, não há como fazê-lo sem ser às expensas do investimento. O investimento acaba sendo comprometido. Então, esse debate vai ser feito agora com a sociedade, as implicações dessa medida. Portanto é um gesto de aproximação, é um gesto de abertura do entendimento, de manutenção do espírito de democracia, de convívio pacífico, que nós continuaremos a fazer com a cidade. E agora com mais responsabilidade, porque temos que explicar as consequências desse gesto para o futuro de nossa cidade. Estaremos em diálogo permanente com a população de São Paulo nas subprefeituras para que o orçamento da cidade seja repensado a luz dessa nova realidade.
COLABORAÇÃO DANIELA LIMA e PAULO GAMA, DE SÃO PAULO
 
Fonte:  Folha  de São Paulo

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