O PSDB, para não se extinguir, tem que encontrar o seu Francisco.
Não é ele que vai resgatar os tucanos |
Aécio tem alguma chance de
ser presidente de algo que vá além do PSDB?
A melhor resposta é: tem chances
matemáticas. E ponto.
Ele tem dois obstáculos
monstruosos pela frente com vistas a 2014.
O primeiro é o seu partido: o
PSDB há anos perdeu o rumo. Deslocou-se para a direita quando o zeitgeist – o
espírito do tempo, na grande expressão alemã – é o oposto.
Os tucanos não se deram conta de
que o grande mal do mundo moderno se chama iniquidade social.
Até a Igreja Católica, em sua
lentidão monumental, captou isso e fez de Francisco um papa devotado aos pobres
e desvalidos.
Em busca da sobrevivência, o
Vaticano foi buscar o homem que pode reaproximar a Igreja das pessoas.
Dos 99%, para usar o brilhante termo consagrado pelo movimento Ocupe Wall
St.
Porque quem pode lotar missas é o
99%.
Francisco deu um choque positivo
nos fiéis e até nos infiéis como eu: ora, enfim um papa que anda de ônibus,
viaja de econômica, vai visitar pobres e é claramente contra a injustiça
social.
Um papa que é, genuinamente,
contra um modelo econômico em que poucos têm muito e muitos não têm
nada.
Parecia óbvio o que a Igreja
tinha que fazer para combater o declínio, mas é só olhar para Ratzinger para ver
que não era.
Aécio não é Francisco,
definitivamente.
E então chegamos ao segundo
obstáculo da candidatura Aécio: o próprio Aécio.
Há muito tempo ele pertence,
inteiramente, ao 1%. Imaginar que ele vá conseguir convencer as massas a
optar por ele é o chamado triunfo da esperança.
O PSDB, se não quiser
desaparecer, tem que encontrar o seu Francisco, o seu anti-Serra. Ou
formá-lo.
Aécio não é esse
homem.
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