Protesto com 4 mil ativistas marcha até hospital abandonado; políticos são vaiados
Welington Sabino, repórter do GD
João Vieira |
Sem iluminação no local, a única claridade vinha das centenas de celulares com lanternas acesas e também os flashes de luzes das Câmeras fotográficas e filmadoras de profissionais da imprensa que acompanhavam o manifesto intitulado de 3º Ato contra a Corrupção e Violência, cujos temas predominantes na pauta eram a saúde e educação pública. No local também foram feitas críticas quanto a falta de iluminação pública. “Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava, iluminar...”, assim os manifestantes cantavam em tom de ironia. Em seguida, se levantaram, cantaram o Hino Nacional e continuaram a marcha rumo ao destino final, a Praça das Bandeiras, na região do Centro Político Administrativo, reduto dos principais órgãos públicos de Cuiabá.
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Por onde a passeata passava, o trânsito era interrompido com apoio de dezenas de agentes de trânsito, os populares amarelinhos, que seguiam na frente com motocicletas e fechavam os principais cruzamentos da Avenida do CPA. Um aparato com dezenas de policiais militares também caminhavam junto à multidão para fazer a segurança. Eles seguiam na frente da passeata, ao lado e também na retaguarda. A caminhada começou às 17h30 e terminou por volta das 20h na Praça das Bandeiras.
Os políticos de Mato Grosso mais criticados, durante a passeata foram o governador do Estado, Silval Barbosa, o deputado José Riva (PSD), afastado da função de presidente da casa por determinação judicial, e o hoje senador Blairo Maggi (PR) que também já governou o Estado por 2 mandatos, sendo que no segundo mandato, ele se afastou para disputar uma vaga no senado. Foi quando Silval que era vice assumiu o comando, em 2010. Foram muitas vaias e gritos de revolta direcionados ao trio. Os momentos em que as vaias aumentavam contra Blairo foram quando os ativistas passaram em frente à sede do Grupo Amaggi, de propriedade da família do senador. “Ô Maggi, presta atenção, com o meu dinheiro, não”, bradavam. Contra Riva foi em frente à Assembleia Legislativa. No local, por alguns instantes, eles também ficaram de costas e gritavam em coro “não me representa”, repudiando ele e os demais deputados mato-grossenses.
Já o governador Silval foi lembrado com vaias, xingamentos e palavras de ordem durante todo o trajeto. Mas os gritos de repúdio contra ele aumentaram nas imediações da obra do hospital abandonado há quase 3 décadas. “Ô Silval, cara de pau, termina a obra do Hospital Central”, cantava em coro o grupo. Eles também entoavam a todo momento a palavra “vergonha”, devido o fato de a obra estar abandonada ha 28 anos, mas todos os governadores vieram que depois nada fizeram para terminá-la. “Esse Hospital Central é o exemplo da corrupção e abandono que temos. É a falta de política séria que levou a esse descaso. O governador Silval Barbosa também fez a promessa. Quantas pessoas morreram e poderiam ter sido atendidas neste hospital?”, questionou o jovem Caiubi Kuhn, um dos organizadores da manifestação.
A pós-graduanda em Direito, Érica Venzel, 27, era uma dos cerca de 4 mil manifestantes. Ela caminhava de saia e descalça pelo asfalto e disse que essa foi a segunda manifestação que ela participou na Capital. Ressaltou que saiu às ruas para apoiar o povo, que segundo ela, enfim está mostrando à classe política que a população tem força e precisa ser ouvida e atendida. “É preciso lutar pelos nossos direitos, só assim para os políticos acordarem e ouvir o clamor da sociedade. O povo está mostrando sua força, temos direitos que não são cumpridos. A educação e a saúde pública não estão recebendo a devida atenção, falta investimentos e o povo é que sofre”.
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Outra manifestante que caminhava com a maior disposição percorrendo os vários quilômetros do trecho escolhido por votação da maioria através do Facebook, era a dona de casa Cinda da Silva, 60. Ela mostrou que não é só a juventude que está saindo às ruas para mostrar a insatisfação. “Estou participando desse ato pra exigir melhoria para o país. Não tem educação, não tem saúde, não tem saneamento. Muita coisa está errada, são muitos crimes e muita corrupção. Isso precisa mudar”, disse dona Cinda que também opinou sobre outra questão polêmica que divide o país e resulta em acaloradas discussões: a possibilidade da redução da maioridade penal.
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Durante todo o trajeto, não foram registrados atos de vandalismo ou qualquer incidente que os policiais precisassem intervir. Após o último ato na Praça das Bandeiras, por volta das 20h, o movimento foi dispersando e os ativistas seguiam cada um por um rumo diferente para esperar ônibus ou `mesmo caminhar à pé na volta pra casa.
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