domingo, 26 de dezembro de 2010

6 deputados estaduais e 3 federais serão empossados sob investigação




Romilson Dourado

   Seis deputados estaduais e três federais vão tomar posse em 1º de fevereiro sem a segurança jurídica de que cumprirão integralmente os quatro anos de mandato. Contra eles, tramitam ações que podem resultar em cassação por supostos crimes eleitorais na campanha deste ano. A polícia deu alguns flagrantes e recolheu provas. Muitas testemunhas estão sendo convocadas para prestar depoimento. A Justiça não conseguiu julgar antes da diplomação os processos contra os estaduais reeleitos Sebastião Rezende (PR), Walace Guimarães (PMDB), João Malheiros (PR) e Guilherme Maluf (PSDB)), além do eleito Baiano Filho (PMDB) e de José Riva, que teve o mandato de deputado cassado e garantiu nova cadeira na Assembleia. Estão pendentes também ações contra o federal reeleito Homero Pereira (PR) e os eleitos Júlio Campos (DEM) e Ságuas Moraes (PT).
  Fernando Ordakowski

Baiano Filho, deputado estadual eleito, é um dos investigados por crime eleitoral e corre risco de ser cassado
   Contra Baiano Filho, ex-secretário de Estado de Esporte e Lazer, as provas estão concentradas em Alto Araguaia, onde o vereador Faraó Mendes (PSC) acabou detido no dia da eleição, supostamente comprando votos para o deputado eleito. Com Faraó foram encontrados R$ 10 mil em notas de R$ 20. Tinha em seu poder também uma lista com nomes de eleitores, que receberiam dinheiro para votar em Baiano, eleito com 28.407 votos pelo PMDB.
José Riva    Existem flagrantes de abuso de poder econômico ou compra de votos contra José Riva em quatro municípios de pessoas ligadas ao deputado eleito. Em Juara, foram apreendidos tíquetes-combustíveis, que seriam trocados por voto. Em Rosário Oeste a polícia fez apreensão de vale-combustível com um cabo eleitoral do candidato, trocando gasolina por voto. Num posto de gasolina em Acorizal foram apreendidas requisições do candidato. Em Campo Verde, a polícia recolheu material de campanha de Riva e também objetos, dinheiro e vale-combustível, agendas, cópias e documentos originais do título de eleitor, lista com nomes de várias pessoas, fotocópias de conta de energia elétrica, blocos de recibo e outros documentos. O vereador Marcelo Vieira de Moraes (PP), um dos correligionários do deputado, foi detido.
Sebastião Rezende   O deputado reeleito Sebastião Rezende pode ver sua situação complicada porque teve as contas de campanha reprovadas. Além disso, enfrenta processo porque deixou, de propósito, uma camioneta estacionada como espécie de mini-outdoor com sua propaganda durante toda a campanha na entrada do Grande Templo da Igreja Assembleia de Deus, em Cuiabá. O veículo ficava até sobre a calçada, uma situação irregular, considerando as normas do trânsito. Com a força dos evangélicos, Rezende teve 51.552 votos pelo PR, garantindo o terceiro mandato.
Walace Guimarães   O cerco está se fechando para o lado do deputado reeleito Walace Guimarães por causa de um processo em Poconé. O ex-vereador Paulino Luiz de Barros foi detido no dia das eleições, sob acusação de tentar comprar votos para Walace e para a esposa do parlamentar, médica Jaqueline Guimarães, que foi candidata a deputada federal pelo PHS. Estavam em poder de Paulino R$ 2 mil em notas miúdas de R$ 20 e R$ 50.
João Malheiros   João Malheiros, que vai assumir a pasta da Cultura do governo estadual, também é investigado por compra de votos. Os crimes teriam ocorrido em Poconé, onde foi preso em flagrante o seu emissário, ex-vereador e ex-secretário de Agricultura Tatá Amaral. O porta-voz de Malheiros estava com R$ 40 mil e com lista de eleitores e relação de material de construção, indícios que apontam para crimes eleitorais. Nesse processo estão implicados também o casal Walace e Jaqueline e o federal reeleito Homero Pereira. Malheiros foi reeleito para o terceiro mandato, com 23.551 votos, pelo PR.
Guilherme Maluf  Guilherme Maluf , reeleito pelo PSDB com 26.156 votos, enfrenta investigação por abuso de poder econômico. Dezenas de pessoas declararam que teriam recebido dinheiro para votar no tucano. Foi entregue à Justiça gravação de áudio e degravação, que comprovariam negociação de votos. Há denúncias também de que eleitores receberam "por fora" para permitir colocação de placas com propaganda de Maluf em sua casas.
   Os federais
Júlio Campos   Houve busca e apreensão na casa de Júlio Campos, deputado federal eleito pelo DEM. No local funciona o empreendimento imobiliário Santa Laura, do próprio Júlio, que teve 72.560 votos. A polícia recolheu lista de eleitores. Júlio é acusado de, através de uma relação de pessoas que fizeram curso pela Fundação Júlio Campos, buscar cooptar votos. Em Jangada, foi preso no dia das eleições o vereador Edésio de Jesus Mendes, o Garrinchinha, um dos cabos eleitorais do democrata. Ele portava santinhos do candidato Júlio e estava com R$ 1,5 mil em notas miúdas, que supostamente seriam para negociação por votos. A Justiça decretou sigilo no processo.
Homero Pereira  Em 3 de outubro, dia da eleição, foi preso em Poconé um dos correligionários do deputado federal reeleito Homero Pereira. Trata-se de Tatá Amaral, ex-secretário municipal de Agricultura e ex-vereador com direitos políticos cassados. Tatá estava no bairro Bom Pastor na hora do flagrante. A polícia descobriu com ele lista com nomes de eleitores, relação de materiais de construção e de valores que seriam pagos a eleitores, além de vários cheques e dinheiro em espécie, totalizando cerca de R$ 40 mil. Com Tatá foi encontrado material de campanha de Homero, que garantiu o segundo mandato com 112.421 votos, e do deputado estadual reeleito João Malheiros, ambos do PR.
Ságuas Moraes  O petista Ságuas Moraes é acusado de usar a estrutura da Educação, da qual foi secretário por praticamente 3 anos. Investida da polícia resultou na busca e apreensão de computadores e documentos. O processo segue sob sigilo. A chefe de gabinete da Seduc teria transmitido e-mails para as escolas, com convite em forma de planfleto de Ságuas e pedido de votos. Um office-boy da secretaria até protocolou alguns convites, feitos pessoalmente. Em juízo, duas testemunhas confirmaram o esquema. Além disso, o deputado eleito com 88.654 votos foi surpreendido pela polícia em Arenápolis, junto com vereadores e o prefeito Farid Tenório (DEM) e várias outras pessoas. Estavam participando de um almoço, o que pode caracterizar oferta de bens. Servidores da Educação teriam feito convite e avisado que a reunião seria com o candidato petista. Todos foram parar na delegacia.

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