Entrei nessa vida de educador quando tinha 20 anos de idade, ao me matricular no curso de Magistério. Tive muitos professores, mas alguns deixaram marcas profundas. Lembro-me de uma professora de Língua Portuguesa, classuda, salto altíssimo e finíssimo, nem sei como conseguia manter-se equilibrada. Excelente professora. Tive tantos outros, igualmente excelentes. Cito essa porque foi quem mais me inspirou a ser professora.
Fiz outras coisas antes de assumir minha excelência, mas, apaixonada pelo contraditório, vidrada na rebeldia que só os adolescentes e os jovens sabem ter resolvi ficar.
E fui ficando, sendo feliz, fazendo, refazendo, desfazendo e como num concerto mágico me deixei levar pela música barulhenta que se ouve numa sala de aula. Ora eu concertava, ora me consertavam, mas, juntos, sempre concertávamos; e o concerto era como as orquestras filarmônicas.
Mas como na vida nem tudo tem concerto e nem conserto, tentei consertar o inconsertável, fazer um infazível... Errei, errei e errei feio. Ao invés de fazer como as águas, fiz como as montanhas e definhei. Perdi-me no caminho, não ouvi o barulho dos tiros e acabei caindo numa trincheira, e encurralada, hoje tento curar feridas feitas por balas de grosso calibre, deixei para trás minhas vozes, tão necessárias; tão mudas, tão surdas, mas que me enchiam os ouvidos de alegrias. Pois são as vozes que por tanto tempo me completaram.
Hoje, é apenas um advérbio de tempo, tempo esse que luta como num duelo de tenor e de barítono, por um soprano cada um buscando sustentar-se na mais fina linha da invisibilidade. Busco resposta para compreender s equívocos dos percalços e encontro apenas substâncias químicas que, orientadas pelo moço de vestido branco, tentam me controlar os ânimos.
Olho lá fora e vejo apenas as estranhezas da normalidade, as motos, os carros, as bikes; passantes, indo e vindo como se tudo não passasse de uma cena de um palco invisível. Macas tentam me reanimar. Surgem rodas de conversas. Convites, pedidos, acordos, falas... Lágrimas, de novo falas. Abraços, cantigas. Gelatina.
De volta pra casa, mais lágrimas, copiosas lágrimas. Lítio, lágrimas, mais lítio. Agora é assim; lítio e lágrimas, lágrimas e lítios. E os amigos, onde estão? Estão por aí, trazendo uma gaze hoje, um iodo amanhã, antiinflamatório sempre trazem.
Sou pássaro ferido. É preciso fazer as pazes com Cronos para, assim, suportar os brados dos fuzileiros que usam barras brancas e andam de dedo em riste. Só assim para reavivar a alma e reaver o que é meu, o labor.
Mara Claro. 02/12/2010
Professora Maria Clara, não deixe se abater desta forma. Você é uma mulher inteligente! Eu conheço a sua capacidade. O seu texto retrata o momento que você está vivendo. Muitos conflitos principalmente no profissional.
ResponderExcluirSei o que você está sentindo, pois já passei por muitas situações de humilhações em em certo ambiente de trabalho. Fui perseguida duramente durante anos por alguns dos meus superiores.
Até hoje isto me causa sérios problemas. As perdas são muitas em todos os sentidos.
Tudo isto resultou em processos que tramitam na justiça.
Não deixe a peteca cair amiga!!!!!!!! Força!!!!!!!!!!