terça-feira, 13 de novembro de 2012

OAB apura denúncia de agressões a reeducandos no CDP de Lucas do Rio Verde

Em 12 de novembro de 2012 as 17h34
Advogado comprova hematoma nas costas de reeducando que assegura que representará contra agentes carcerários
Fonte: ExpressoMT/Celso Ferreira Nery
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Crédito: ExpressoMTComissão da OAB/LRV deixa Centro de Detenção Provisória após averiguar denúncia de agressão contra reeducando
 
Membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Lucas do Rio Verde estiveram agora à tarde no Centro de Detenção Provisória para averiguar denuncias de agressões que reeducandos estariam sofrendo no interior da unidade. Um dos advogados foi procurado pela família de um dos reeducandos que teria sido agredido semana passada. Ele esteve no CDP hoje pela manhã, mas não conseguiu conversar com o cliente.

De acordo com o advogado Bento José de Alencar, a denúncia chegou ao seu conhecimento na sexta-feira. Conforme o operador de direito, o reeducando reafirmou ter sofrido agressões e mostrou hematoma que tem nas costas. Com base no depoimento do reeducando, Alencar assegurou que vai instaurar uma representação pedindo aos órgãos competentes que tomem as medidas cabíveis. Segundo o advogado, o cliente manifestou interesse em levar adiante o procedimento. “Ele (reeducando) disse que vai até o final. Um problema que temos aqui é que na hora de depor, representar, a pessoa fica com medo. Ele disse que fazer isso”, explicou, detalhando que temendo represália outros casos de denúncias de agressão não foram levados adiante. “Ele levou pancada na cabeça, nas costas. Eu vi um hematoma nas costas dele. Isso são palavras dele”, explicou, adiantando que deve pedir a realização de exame de corpo de delito para comprovar as agressões.

Na conversa que teve com o reeducando, o advogado disse que o cliente não sabe o motivo da agressão. O reeducando foi transferido recentemente de Tangará da Serra e afirma que tem bom comportamento no CDP. Uma justificativa elencada por Alencar seria um possível plano de fuga, porem seu cliente não figuraria entre os envolvidos com o suposto plano.

O presidente da subsecção da OAB, Abel Sguarezi, disse que além da agressão, a comissão da Ordem dos Advogados do Brasil apurou também uma situação que envolveria o cerceamento dos trabalhos do advogado, que tentou conversar com o cliente, mas foi impedido devido um trabalho de intervenção feito no CDP. Durante a visita da comissão, o operador de direito conseguiu conversar com o cliente, tendo assegurada a prerrogativa constitucional. 

Sguarezi argumentou que tão logo a representação do advogado por suposta agressão ao reeducando for apresentada, a OAB fará o encaminhamento ao Ministério Público e à Justiça para apurar a denúncia. 

A OAB Lucas acompanha outras duas denúncias formuladas semana passada. Os laudos foram realizados, mas o presidente da subsecção não soube informar o teor dos exames. “Nós encaminhamos imediatamente para a Promotoria e para a 4ª Vara Criminal”, explicou. “Agora passa a ser objeto de um inquérito policial na Delegacia de Polícia Civil”.

Sguarezi observou que a direção do CDP garantiu que vai apurar as denúncias de agressão. “Qualquer agente que tiver provocado ilícito ele não vai abonar ninguém, vai encaminhar adiante. É a postura que pedimos a ele como OAB”, declarou.

O outro lado
Após receber a comissão da OAB, o diretor do Centro de Detenção Provisória, Jairo Nascimento, reafirmou que toda e qualquer denúncia que chegar ao seu conhecimento, seja pela OAB ou mesmo da própria comunidade, será apurada e as providências serão adotadas. 

O diretor argumentou que é comum no sistema penitenciário a cada fim de ano o reeducando quer passar o período com os familiares. Como se trata de uma unidade nova, algumas regalias que existiam no antigo CDP, como o uso de televisão, não existem. Além disso, o índice de fugas caiu para 0 desde a mudança para o novo espaço. “Então a situação fica um pouco tumultuada. Estamos aqui pra tentar ajudar a ressocializar, colocar ele em atividade, pra trabalhar como diz a Lei de Execução Penal. Mas, da mesma como estamos pra ajudar, estamos pra reprimir também”, explicou.

Fuga
Jairo Nascimento comentou em entrevista que nos últimos dias os agentes penitenciários receberam informações de tentativa de fuga. Nas revistas, agentes e policiais militares encontraram paredes danificadas, barras de ferro e houve até tentativa de introduzir celulares e entorpecentes na unidade. “A gente andou impedindo que algumas fugas acontecessem”, confirmou o diretor.

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