quinta-feira, 19 de abril de 2012
Governador Silval e Secretário Nadaf |
O sequestro de valores de fundos como o Fethab, e remanejamento absurdo de recursos que estariam acontecendo para maquiar o déficit são causados única e exclusivamente em virtude da baixa arrecadação. O que não se fala com clareza é que a origem de todos os problemas pode estar na concessão (possivelmente fraudulenta) de incentivos fiscais e leniência da Secretaria de Indústria e Comércio sob o comando de Pedro Nadaf e do próprio Governo do Estado.
CONSELHO DE MENTIRINHA?
O CONDEPRODEMAT – Conselho Deliberativo dos Programas de
A denúncia delata- e uma fonte da própria SICME confirma - os setores beneficiados com isenções que chegam a 100%. Dentre os privilegiados pela caneta de Pedro Nadaf à revelia do CONDEPRODEMAT estão empresas do setor de biodiesel, indústria de alimentos renomada, frigoríficos, combustíveis, soja, bebidas e comércio de eletroeletrônicos varejista e atacadista. Uma empresa varejista de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos teria sido beneficiada por Nadaf com uma carga tributária de apenas 2% para todas as vendas realizadas via internet.
ENTENDENDO A FARRA FISCAL
Todos esses benefícios concedidos à revelia do rigor da Lei e sem contrapartida para o Estado de Mato Grosso estariam custando aos cofres públicos nada menos que R$ 1 bilhão a menos na arrecadação.
Vejam que essa farra fiscal vem acontecendo sem que o governador ou qualquer outra autoridade competente demonstre a mínima intenção de intervir. A transação consiste em isentar o receptor do benefício fiscal de ICMS nas transações internas, ou seja, 0% de imposto para as vendas realizadas dentro de Mato Grosso. Porém, o detentor do benefício é creditado da mesma forma de 12% de ICMS em suas transações interestaduais, ou seja, na compra dos produtos que irá revender com a isenção do imposto. É criada, dessa forma, a chamada conta gráfica: de um lado o Estado tem a receber 0% de imposto na coluna de débitos fiscais e passa a dever os 12% do qual o beneficiado foi creditado, criando, assim, um rombo bilionário anualmente.
O TCE VAI AGIR?
Esse grave delito por parte da SICME já foi apontado em relatório do Tribunal de Contas de Mato Grosso pelo conselheiro José Carlos Novelli que, em parecer nas contas da secretaria, apontou os incentivos como a grande causa do desfalque do caixa do Governo do Estado. Fontes da Secretaria de Fazenda – a grande prejudicada com esses “subsídios” fiscais já que tem a missão de arrecadar – garantem que o conselheiro Valdir Teis possui em mãos um amplo relatório, que retrata de forma detalhada toda essa situação, incluindo a lista de beneficiadas com os respectivos valores e demais transações oriundas dessa farra fiscal. A mesma fonte disse ainda que esse mesmo relatório foi replicado caso o conselheiro Teis titubeie em escancarar os fatos.
PORTO SECO
A denúncia menciona, ainda, o desvirtuamento da finalidade do Porto Seco, que foi criado e concebido para incentivar a importação de insumos agrícolas e/ou produtos que não possuam similares dentro do estado de Mato Grosso. Ocorre que os critérios concedidos ao Porto Seco foram ampliados pelo Sr. Nadaf para diversas indústrias e principalmente ao comércio, causando uma quebradeira geral em empresas genuinamente mato-grossenses, como por exemplo, o setor moveleiro.
NEM TUDO QUE RELUZ É OURO
O ponto alto, cerne do escândalo e pergunta que não se cala é a seguinte: para onde vai o dinheiro que deixa de ser recolhido aos cofres, produto das isenções fiscais? A fonte que denuncia garante que está havendo retorno financeiro de grande monta. “Cifras milionárias”, resume. Segundo disse, os beneficiados estariam com dificuldade de “esquentar” os lucros obtidos com a farra fiscal e criaram um mecanismo de lavagem de dinheiro através de atividades de mineração. “Basta observar o quanto esse ramo mineral se proliferou” avalia, revoltado. “Em especial na exploração do ouro”,finaliza.
Flávia Salem e Sandra Carvalho - Da Redação,Fonte: Folha de Paranatinga
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