Alvo de processo de expulsão desde ontem, senador reclama de prejulgamento e diz não ter se desviado “reiteradamente” do programa partidário. Partido queria explicações sobre ligação com bicheiro
O senador Demóstenes Torres (GO) acaba de entregar sua carta de desfiliação do Democratas. O senador goiano, que desde ontem era alvo de um processo de expulsão do partido, enviou ofício, por meio de um emissário, ao presidente da legenda, o senador José Agripino (RN), em que acusa a legenda de prejulgá-lo e diz que não se desviou “reiteradamente” do programa partidário (leia a íntegra da carta).
A cúpula do DEM decidiu abrir ontem (2) processo disciplinar contra Demóstenes, depois de ter dado prazo para que o senador goiano explicasse ao comando da sigla suas ligações com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O parlamentar, porém, ignorou o apelo do partido, que cobrava dele explicações convincentes. Com a desfiliação, o processo de expulsão será arquivado antes mesmo de ser aberto oficialmente.
Demóstenes era líder do DEM no Senado até a semana passada. Afastou-se da função após o surgimento de novos indícios de envolvimento dele com o bicheiro, preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Cachoeira é acusado de comandar um esquema de caça-níqueis e jogos de azar em Goiás, com ramificações em outros estados. Áudios divulgados pela imprensa, nos últimos dias, mostram Demóstenes se comprometendo a fazer lobby para o contraventor e pedindo dinheiro a ele.
A desfilição de Demóstenes não muda, porém, sua situação política nem o andamento das investigações em curso. Ele é alvo de uma representação no Conselho de Ética do Senado, que pode recomendar a cassação de seu mandato. O senador se recusa, até o momento, a dar novas explicações sobre o caso, alegando que está estudando o inquérito em que é citado, em tramitação agora no Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Congresso em foco
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