terça-feira, 22 de novembro de 2011

Bom para o médico, ruim para o bebê

 

Comodidade para mãe e medico explicam o aumento de cesariana. Mas medida pode ser ruim para o bebê. Foto: Istockphoto
Pela primeira vez, os nascimentos por cesariana superam o número de partos normais.  Os dados, obtidos por um levantamento do jornal Folha de S. Paulo, mostram que 52% dos nascimentos ocorrem por cesariana. Para Nádia Narchi, uma questão de mercado está prevalecendo sobre a saúde e bem-estar da mulher.
Isso porque as cesarianas são muito mais cômodas aos disputados horários do doutor: enquanto o trabalho de parto normal dura cerca de 8 horas, a cesárea pode ser feita em 45 minutos. Ou seja, o médico faz seu tempo render e tem um retorno financeiro muito maior.
Narchi coordena o curso de Obstetrícia na Universidade de São Paulo (USP) e aponta que a formação do médico pode explicar essa conduta. ” É a elite da elite que faz medicina hoje, que não tem vivênca com a medicina comunitária”, diz ela. Ou seja, o estudante já entra na faculdade pensando no retorno financeiro. Muitos, diz ela, são filhos de médicos que sairão da escola com consultório pronto. Esse profissional não terá a disposição para fazer plantão, trabalhar a noite, no final de semana.
Daphne Bergo Paiva vice-presidente da ONG Bem Nascer, em Belo Horizonte (MG), promove encontros com gestantes para esclarecer aspectos do nascimento em parques da cidade. Ela afirma que existe um mito entre as mulheres de que o parto normal é mais doloroso que a anestesia. Mas, lembra ela, a cesariana pode trazer consequências graves para as mães e seus filhos. Muitas mulheres reclamam de dores abdominais muito tempo depois de realizada a cesariana.
“Muito partos são marcados de acordo com a conveniência do médico e da mãe, mas não do bebê”, diz ela. Com isso, algumas crianças nascem antes do tempo, prematuras. “Bebês nascem com desconforto respiratório por terem sido retirados da barriga antes do tempo”, diz ela. O  parto por cesárea pode ser muito mais agressivo à mãe. “Há uma falsa impressão de que não existe dor na cesariana porque a mulher está muito anestesiada”, diz. Além disso, são recomendados uma série de medicamentos para a mulher no período pós-natal.
Fonte: Carta Capital

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