Izabela Andrade
Sob o sol escaldante de Cuiabá, profissionais da saúde, estudante e membros da sociedade civil organizada, participaram na manhã desta quarta-feira, dia 09 de um ato contra a estadualização do Pronto-Socorro, já anunciada pelo prefeito Chico Galindo (PTB). O Estado vai assumir a unidade e repassá-la para ser administrada por uma Organização Social de Saúde (OSS), a exemplo do Hospital Metropolitano de Várzea Grande.
“Boi da cara preta pega o Pedro Henry e devolve para o capeta” cantavam em coro cerca de 500 pessoas durante a manifestação pacífica, organizada pelo Comitê de Defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) teve com propósito chamar a atenção do cidadão, para aquilo que considerado uma “atrocidade” pelos profissionais da saúde.
De acordo com os organizadores do “abraço ao pronto-socorro” não há benefícios com a gestão implantada pelo secretário de Saúde de Estado Pedro Henry. Ao contrario, o novo modelo de gestão é polêmico e alvo muitos questionamentos, tendo como ponto de tensão, que a partir da estadualização da saúde não há garantias de concurso público e tampouco atendimento a todos.
Em que pese para os representantes do Comitê em Defesa da Saúde Pública as Oss são consideradas entidades que podem ser usadas para maquiar desvios e corrupção de recursos públicos, já que os serviços são terceirizados e não há forma de controle social nem de participação popular de fiscalização.
Os discursos contra a inoperância de Chico Galindo diante do sucateamento da saúde marcaram o manifesto, para muitos o prefeito deveria abandonar o Palácio Alencastro, já que ele não tem disposição de gerir a saúde da maneira adequada.
“É a primeira vez que vejo um prefeito querer acabar com o pronto socorro, lamento que o nosso prefeito não tenha compromisso com a cidade e seus moradores e trata apenas de livrar-se de suas responsabilidades”, disse o professor de Medicina na UFMT, Julio Müller Neto, que também já foi secretário estadual de saúde no governo Dante de Oliveira.
Há tempos a saúde pública de Cuiabá está à beira de um colapso, porém nos últimos meses a situação tem se agravado com a precariedade no atendimento diante da falta de recursos. Prova disso é a situação de calamidade em que Luiz Monteiro, de 58 anos vivência no PS.
Internado há cinco meses em detrimento de uma colisão com um carro do Corpo de Bombeiros. Sem leito, ele espera por uma cirurgia deitado em uma maca no corredor do hospital. Sua nota é zero quanto ao atendimento prestado. “É uma calamidade, a comida não presta, não tem remédio. Os médicos só aparecem aqui a cada três dias e vão embora” desabafou.
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