quarta-feira, 31 de julho de 2013

Barbosa insulta o Itamaraty

Barbosa insulta o Itamaraty




A questão do racismo, como pautada na entrevista de Joaquim Barbosa à imprensa neste final de semana, esconde uma armadilha capaz de subverter qualquer abordagem, nivelando por baixo as avaliações todas, sobre qualquer assunto, ao nível da mera questão da cor da pele da pessoa envolvida.

Joaquim Barbosa alega na entrevista referida abaixo que, por ser negro, foi eliminado quando da sua tentativa de ingressar no corpo diplomático do Itamaraty, quando atingiu a etapa final das entrevistas. E foi à forra, agredindo a idoneidade da instituição responsável por todo o corpo diplomático brasileiro, desfazendo da seriedade do Instituto Rio Branco, responsável pelo certame. Baseado exclusivamente na sua frustrada experiência pessoal no passado, Joaquim sentenciou:  “- O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil”.

Todavia, há elementos que permitem concluir que a reprovação de Barbosa, na sua tentativa de ingresso na carreira diplomática, teria sido acertada, passando por razões sem qualquer vinculação com a cor da sua pele.

É percepção de muitos que Barbosa tem se revelado arrogante, ríspido, mantendo o hábito de constranger pessoas e instituições em público. Não raro, beira a estupidez em situações que já tornaram-se notórias. Ele xinga jornalistas (chamou de “porco”, na frente das câmeras, um repórter que tentou entrevistá-lo meses atrás), ofende e humilha interlocutores (como os presidentes de entidades associativas da magistratura que o visitaram recentemente em seu gabinete), desfere impropérios contra categorias profissionais inteiras (alegou no CNJ que os 700 ml advogados brasileiros costumam dormir até as 11h da manhã), é grosseiro com autoridades públicas (deixou de cumprimentar a própria Presidente da República, em frente às câmeras, após apertar a mão do Papa Francisco, na solenidade oficial que recebeu o líder da Igreja Católica no país, semana passada), e etc., etc.

A lista de episódios bizarros, quando não grotescos, protagonizados pelo temperamento de difícil trato de Joaquim Barbosa é enorme. Que o digam aqueles que já foram espinafrados publicamente pelo ministro, como no caso, inclusive, de colegas dele, ministros do STF, durante as sessões públicas da sisuda Corte Suprema. Além de autoritário, Barbosa é vaidoso. Adora aparecer na mídia. Foi a vedete da imprensa no julgamento do mensalão, quando encarnou o papel de espécie de “reserva moral e ética do país”, ocasião inclusive em que uma revista o pintou de vingador-da-capa-preta, comparando-o com o “Batman”.

Porém, quando contrariado em suas opiniões ou, pior, quando confrontado com situações em que suas explicações ficam escassas ou difíceis (exemplos: usar aviões da FAB para ir assistir partida de futebol no Rio de Janeiro, tornar-se empresário  - o que é vedado a magistrados -  para deixar de recolher impostos numa intrincada operação de compra de apartamento em Miami, etc.), o ministro deixa de lado qualquer fidalguia e passa a desferir xingamentos e impropérios para ofender pessoas e instituições. A bola da vez é o Itamaraty, no que parece ser uma desforra pessoal de Barbosa por conta de sua eliminação, no passado, em concurso público para ingresso no corpo diplomático brasileiro. Barbosa queria ser diplomata. Como não conseguiu, destrata agora o Itamaraty.

O torpedo arrasa-quarteirão de Barbosa contra o Itamaraty foi destinado a desconstituir a boa reputação e longa tradição de seriedade da instituição, acusando-a de racista.  E mais: indiretamente, sugere que o Itamaraty teria “errado” na eliminação dele, quando abortou o sonho de Barbosa de tornar-se diplomata de carreira. Por fim, Barbosa demonstrou soberba, ao especular que todos os diplomatas brasileiros estariam invejando-o no cargo que ele hoje ocupa no STF.  Será que Barbosa está correto na acusação, na insinuação e na especulação?

Há que se perguntar: o Itamaraty praticou racismo, ao eliminar Barbosa no concurso? A resposta parece óbvia: alguém como ele, com tão pouca diplomacia em suas atitudes, jamais poderia trabalhar como diplomata. Se foi reprovado para ingressar no Itamaraty, não deve ter sido pelo fato da cor da sua pele, mas porque Barbosa é notoriamente despreparado para a diplomacia. Ele próprio dá mostras públicas disso, a todo instante. Logo, o que se vê é o contrário: o Itamaraty soube selecionar candidatos para a diplomacia, reprovando os que não tinham perfil para a função, como Joaquim Barbosa.

Talvez o ministro fosse eliminado novamente, hoje, caso se candidatasse de novo a uma vaga no Itamaraty, por conta de seu temperamento. Dizer que os diplomatas do Brasil gostariam de ser ministros do STF é uma estultice. Ser diplomata, implica em uma carreira que tem poucos pontos em comum com as carreiras públicas de Estado como as do Ministério Público e a do STF, percorridas por Joaquim.  São vocações muito diferentes.

Uma questão ética descola-se da acusação de Barbosa. Se ele, de fato, crê ter sido descartado no Itamaraty por ser negro, deveria ter ingressado com uma ação de anulação do ato administrativo que o eliminou do certame, ao fundamento de racismo. O fato dele ter aceito pacificamente sua eliminação por um suposto racismo, sem jamais ter tomado qualquer atitude para reverter a decisão, vindo somente agora, quando ocupa um cargo de grande relevância, a acusar a instituição de racista, é algo que remete a uma postura ética questionável, para dizer-se o mínimo.

A questão central da entrevista, enfim, não reside em o Brasil ter ou não um “presidente negro”. Barack Obama não tornou-se presidente dos EUA porque é negro e sim porque demonstrou ser um político capaz e qualificado para exercer o cargo. As questões que importam são estas: o que esperar de alguém como Joaquim Barbosa, caso se tornasse Presidente da República?  Teria ele qualificação necessária para este cargo?  Para a função de diplomata, como viu-se, ele não tem qualificação, sendo notória sua falta de vocação para agir de forma diplomática. E isto, com certeza, não tem rigorosamente nada a ver com o fato de ser negro.

Leia a íntegra da
Fonte Brasil Brasil

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