domingo, 24 de julho de 2011

Brasília reage: “Chega de corrupção”

No próximo dia 23 de agosto, movimento “Reage, Brasília” convoca os cidadãos do Distrito Federal para uma passeata contra a corrupção que insiste em não terminar na capital do país

POR EDUARDO MILITÃO

24/07/2011 08:00

Roriz, Durval, Arruda: quando a corrupção dará trégua à população de Brasília?

Deputada federal põe dinheiro na bolsa entregue por um operador de esquema de corrupção; desembargador pede ao governador cargo para seus parentes; governador tem os bens bloqueados por acusação de superfaturamento; dinheiro de emendas parlamentares é desviado; empresa de parlamentar é contratada para organizar eventos pagos com verbas públicas; investigação contra distrital é engavetada… A lista de desmandos envolvendo autoridades da política local em Brasília parece interminável.


Mas moradores da cidade resolveram parar de reclamar. No próximo dia 23 de agosto, eles saem às ruas em passeata e panfletagem contra a corrupção e a má administração da coisa pública. É o movimento “Reage, Brasília”, que acontecerá no Eixo Monumental da capital, mas no lado oposto ao Congresso Nacional, onde ficam os órgãos públicos distritais. O grupo de manifestantes vai entregar um manifesto ao governador de Brasília, Agnelo Queiroz (PT), e a representantes do Tribunal de Justiça e da Câmara Legislativa brasiliense. Ao final, vão promover um show cultural no Eixo Monumental.



Motivação não falta para o protesto, embora seja difícil pontuar todos os casos. “Não foi um caso só. Foi o conjunto”, afirma o estudante de direito Diego Ramalho, de 24 anos, um dos coordenadores da manifestação.


Diego é um dos integrantes do movimento “Adote um Distrital”, pelo qual as pessoas escolhem um dos deputados para fiscalizar e denunciar seus desvios. A continuação de denúncias de irregularidades e de situações de impunidade em Brasília mesmo depois do escândalo do mensalão comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda levou os integrantes do grupo à ideia de uma reação organizada contra a situação. “A gente falou: ‘Vamos ficar só reclamando ou vamos fazer alguma coisa?’. Aí começou a mobilização nas redes sociais”, conta Ramalho. A partir desta semana, começa a articulação para pedir apoio a entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sindicatos e igrejas, além do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) local


O “Reage, Brasília” convida toda a população a participar. Quem não puder ir, poderá manifestar seu apoio usando camisetas pretas ou colocando tarjas negras nos braços ou nos carros. Ramalho diz que dedicar parte da vida aos movimentos sociais e ao exercício da cidadania dá um pouco de trabalho, mas vale a pena

“Com certeza, não é todo mundo que faz isso, mas se cada um fizer um pouquinho, fiscalizando na sua cidade, é bem menos trabalho”, diz o estudante de direito. “Mas é tudo um processo”, conta ele

Parlamento

Ramalho e outras 23 pessoas coordenam um grupo de pessoas que monitoram de perto o Poder Legislativo local. O movimento “Adote um distrital” funciona assim: cada pessoa “apadrinha” um deputado distrital da Câmara Legislativa do Distrito Federal. A partir daí, passa a acompanhar de perto o mandato dele: votações, gastos de verba indenizatória, doações de campanha, reportagens que citam seu nome.


O “padrinho” do político passa a mandar mensagens eletrônicas para o distrital cobrando determinadas posturas. E mais: tudo o que é feito é publicado no site do movimento. Lá, há todas as informações sobre os 24 deputados da Câmara Legislativa. Veja o site http://www.adoteumdistrital.com.br/

 
Qualquer um pode adotar um deputado. Basta escolher um deles na lista de biografias do site e preencher um cadastro no site. Depois, os coordenadores do “Adote” entram em contato com o voluntário e o integram à “rede” de pessoas que já apadrinham aquele político.


O grupo é ligado ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral de Brasília, ONG que conseguiu aprovar a lei da Ficha Limpa, aquela que impede políticos condenados por um colegiado de juízes de serem candidatos. De acordo com os organizadores do “Adote”, a ideia não é nova. Em São Paulo, o jornalista Milton Jung, da rádio CBN, conseguiu articular um grupo de 55 pessoas que fiscalizam atentamente cada um dos 55 vereadores da maior cidade do Brasil.
fonte: Congresso em foco

Um comentário:

  1. Pergunta: o que há em comum na forma como a imprensa tratou o
    “pseudo estupro” praticado pelo ex-todo poderoso do FMI, Dominique
    Strauss-Kahn, contra a “inocente” camareira nos Estados Unidos; as
    extorsões praticadas pela dublê de atriz e promotora de justiça
    Deborah Guerner e seu marido, Jorge Guerner e também pelo campeão de
    processos Durval Barbosa contra o ex-governador Arruda; e o
    recentíssimo escândalo do famoso tablóide britânico The News of the
    World?

    Resposta: em primeiro lugar, percebe-se o desprezo às famosas 5W
    (when, who, where, what, why), ou seja: Quando? Quem? Onde? O que? Por
    que? Perguntas que deveriam nortear o bom jornalismo e precisariam ser
    respondidas antes da formulação da notícia. Esta sem qualquer
    julgamento de valor. Como bem disse o genial Jânio de Freitas,
    referindo-se às recentes reportagens sobre o ex-chefe do FMI, “...o
    jornalismo americano adotou a versão da camareira sem se interessar
    pelo dever primário, e compulsório nos Estados Unidos, de logo
    verificar quem e que tipo de pessoa fazia a acusação"
    http://arquivoetc.blogspot.com/2011/07/janio-de-freitas-escandalos-exemplares.html

    No caso do Arruda, qual grau de veracidade deve-se atribuir às ilações
    formuladas pela protagonista do novo teatro jurídico do DF, que
    segundo as investigações em curso, teria contratado dois médicos em
    São Paulo para ensiná-la a ser insana diante de perícias médicas, como
    estratégia para fugir dos processos a que responde na Justiça e no
    Conselho Nacional do Ministério Público? E ainda, por que a imprensa
    até o presente momento não investigou o que permanece velado sob as
    acusações contra o ex-governador Arruda, feitas pelo já condenado
    Durval Barbosa, que dentre mais de 40 processos que estão em andamento
    responde, em segredo de justiça, até por pedofilia?

    Do mesmo modo, levando-se em conta o tsunami provocado pelo fechamento
    do jornal sensacionalista britânico, os alicerces do bom jornalismo
    estão mesmo abalados. Em todos os episódios, as perguntas que não
    querem calar permanecem sem respostas. Com a palavra a imprensa.
    Alô…tem alguém aí?

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