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POSTADO ÀS 07:51 EM 28 DE Abril DE 2012
RIO DE JANEIRO - O
uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras preocupa cada vez mais
especialistas da área de saúde. A aplicação de substâncias químicas para
controlar pragas nas plantações e aumentar a produtividade da terra acaba se
tornando um problema para os trabalhadores rurais e consumidores.
Para alertar a
população e chamar a atenção das autoridades sobre o impacto dos agrotóxicos na
saúde dos brasileiros, o Grupo de Trabalho de Saúde e Ambiente, da Associação
Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com outras
instituições, lançou na sexta (27), durante o Congresso Mundial de Nutrição, no
Rio de Janeiro, um dossiê reunindo diversos estudos sobre o tema. O documento
também será apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho no Rio.
De acordo com o
professor Fernando Ferreira Carneiro, chefe do Departamento de Saúde Coletiva
da Universidade de Brasília (UnB) e um dos responsáveis pelo dossiê, as
pesquisas indicam que o uso dos agrotóxicos ocorre no país de forma
descontrolada.
"O Brasil
reforça o papel de maior consumidor mundial de agrotóxicos e nós, que fazemos
pesquisas relacionadas ao tema, vemos que o movimento político é para
liberalizar o uso. A ideia desse dossiê é alertar a sociedade sobre os impactos
do consumo massivo, sistematizando o que já existe de conhecimento científico
acumulado", disse.
Um dos estudos que
fazem parte do dossiê foi desenvolvido pelo médico e doutor em toxicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Vanderlei Pignatti. Ele conduziu
análises ambientais e examinou a urina e o sangue de professores e moradores
das áreas rurais e urbanas das cidades de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, em
Mato Grosso. Os municípios estão entre os principais produtores de grãos do
estado.
"Observamos
resíduos de vários tipos de agrotóxicos na água consumida pelos alunos e pelos
professores, na chuva, no ar e até em animais. Além disso, essas substâncias
foram encontradas no sangue e na urina dessas pessoas. A poluição ambiental é
elevada e as pessoas ficam ainda mais suscetíveis à contaminação porque não são
respeitados os limites legais para pulverização dos agrotóxicos, que são de 500
metros no caso de pulverização aérea e de 300 metros para a pulverização
terrestre", explicou.
Outro estudo do
professor Pignatti já havia encontrado resíduos de agrotóxicos no leite materno
de moradoras de Lucas do Rio Verde. Foram coletadas amostras de leite de 62
mulheres, três da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010, e a presença dos
resíduos foi detectada em todas elas.
Vanderlei Pignatti
lembrou que diversas pesquisas também indicam aumento na incidência de doenças
como má-formação genética, câncer e problemas respiratórios, especialmente em
crianças com menos de cinco anos de idade.
Por Thais Leitão
(Agência Brasil)
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