Lei que proíbe uso do véu integral (burca ou niqab) entrou em vigor em abril.
Muçulmana usando niqab anunciou candidatura à Presidência nesta quinta.
Duas mulheres foram condenadas nesta quinta-feira (22) por um tribunal pelo uso do véu islâmico integral, a primeira decisão do tipo adotada na França desde a entrada em vigor em abril da lei que proíbe o uso da burca ou niqab no espaço público.
Desde então, várias mulheres foram multadas nas vias públicas por policiais, mas esta é a primeira vez que um tribunal da polícia - formado por um juiz e um notário - examina um caso semelhante. As duas mulheres se apresentaram vestidas da mesma forma em 5 de maio diante da prefeitura de Meaux, no oeste.
A prefeitura é comandada pelo secretário-geral do partido governante UMP, Jean François Copé - um dos principais políticos a apoiar a lei, que desde 11 de abril proíbe na França o uso do véu islâmico integral - burca ou niqab - nos espaços públicos: ruas, transportes públicos, lojas, escolas, agências dos correios, tribunais, hospitais e prédios da administração pública.
Nesta quinta, a muçulmana Kenza Drider anunciou diante da Corte da região de Meaux sua candidatura à Presidência da França, nas eleições do próximo ano. "Quando uma mulher quer manter sua liberdade, ela precisa ser corajosa", disse ela para a agência Associated Press.
A burca ou niqab são véus que cobrem a mulher da cabeça aos pés, com apenas uma pequena abertura na altura dos olhos.
Hind Ahmas, de 32 anos, foi condenada a pagar multa de 120 euros e Najate Nait Ali, de 36 anos, a pagar 80 euros.
O tribunal não condenou as duas a assistir ao curso de cidadania, como pedia a promotoria, que também solicitara multas de 150 euros. As mulheres não puderam assistir à audiência desta quinta porque chegaram tarde. Durante a primeira audiência, meses atrás, uma delas não pôde entrar porque se negou a tirar o véu integral que usava.
Conhecida a sentença desta quinta, o advogado da associação "Não toque na minha Constituição", que defende as mulheres que usam o véu islâmico, disse que as duas condenadas apelarão ao tribunal de Cassação e que, em caso de confirmação da pena, recorrerão à Corte Europeia de Direitos Humanos.
A França, que abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, com seis milhões de pessoas, foi o primeiro país europeu a adotar uma lei semelhante, apesar de outros países - Suíça, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Espanha e Alemanha - estudaram medidas similares.
Nos últimos dois anos, o governo conservador francês dirigido por Nicolas Sarkozy, que pensa em concorrer à reeleição em 2012, promoveu fracassados debates sobre a identidade nacional, o lugar do Islã, a imigração, a deliquência e o laicismo.
Em 16 de setembro passado, entrou em vigor na França a proibição de realizar a oração muçulmana das sextas-feiras na rua, uma prática que surgiu nos últimos dez anos devido à falta de mesquitas suficientemente grandes, em particular em Paris.
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