sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mulher é suspeita de colaborar com auditor em extorsão


Servidor do TCE foi preso em flagrante, na terça-feira (19), quando recebia propina

Thiago Bergamasco/MidiaNews
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O delegado Modeli, que é responsável pelo inquérito: uma mulher é investigada
LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), ligado ao MPE (Ministério Público Estadual), está investigando a suspeita de que uma mulher também estaria envolvida no crime de concussão (extorsão cometida por funcionário público) praticado pelo auditor público externo do TCE-MT (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso), Hermes Dall’Agnol.

O servidor público foi preso em flagrante pelo Gaeco na última terça-feira (19), por volta das 14h, no setor de cargas de uma empresa de transportes na Rodoviária de Cuiabá, quando recebia uma caixa com R$ 20 mil, referente à 1ª parcela de duas cobradas do vereador Adilson Costa França (PR), que preside a Câmara Municipal de Jaciara (147 km ao Sul da Capital).

Conforme o MidiaNews já havia publicado, as ligações pressionando os funcionários do Legislativo municipal a pagarem propina para receber um relatório favorável às contas apresentadas em 2012 – e que serão julgadas em 2013 – tiveram início em meados de julho.

"Diz o presidente que começou a ligar uma pessoa, uma senhora, mas não quis se identificar. Ela disse que era de Cuiabá e trabalhava como assessora do Hermes"
Na ocasião, uma mulher, que não quis se identificar e apenas se apresentou como assessora de Dall’Agnol, teria conversado, por telefone, com a contadora do Legislativo, Vera Alice, insinuando os problemas que eles poderiam enfrentar, caso o relatório elaborado pelo TCE fosse negativo.

O promotor do Gaeco que conduziu a operação, Arnaldo Justino da Silva, afirmou ao site que a mulher, que ainda está sendo investigada, chegou a deixar um telefone para que os funcionários pudessem entrar em contato com ela.

“Diz o presidente que começou a ligar uma pessoa, uma senhora, mas não quis se identificar. Ela disse que era de Cuiabá e trabalhava como assessora do Hermes. Ela dizia que o relatório ia dar improbidade administrativa, ia resultar em demissão de funcionários, inquérito, intervenção do TCE e que ela não queria nada, mas que deveriam resolver com o auditor”, disse.

No dia seguinte ao primeiro contato, a contadora teria retornado a ligação para a mulher, que passou a exigir dinheiro para auxiliar na “tramitação do processo”.

“No outro dia, a contadora ligou para a suposta funcionária do tribunal, que seria assessora do Hermes e também estaria trabalhando na tramitação do processo. Ela disse que iria querer R$ 40 mil em duas parcelas ou R$ 30 mil à vista. Esse dinheiro seria só pra ela, mas a contadora da Câmara se recusou a pagar, disse que não tinha condições e pediu para que o auditor ligasse”, contou o promotor.

“Aí, o auditor ligou pessoalmente lá e conversou com o presidente. Ele pediu para que o vereador pagasse R$ 40 mil, em duas parcelas. Esse valor seria só para ele, fora o dinheiro da assessora. Ou seja, na verdade, o total da propina seria de R$ 80 mil: R$ 40 mil para a assessora e R$ 40 mil para o auditor”, afirmou.

O presidente da Câmara denunciou a pressão que estava sofrendo ao Gaeco, que o orientou a dar continuidade ao plano montado pelo auditor, para que pudessem fazer o flagrante.

"A assessora mandou o presidente colocar o dinheiro em uma caixa, enviar em nome do auditor, que ele iria na Rodoviária pegar"
“Segundo depoimento do presidente, o auditor disse que ele deveria conversar com a assessora dele para saber como enviar o dinheiro. A assessora mandou o presidente colocar o dinheiro em uma caixa, enviar em nome do auditor, que ele iria na Rodoviária de Cuiabá pegar. O presidente nos avisou e o mandamos seguir as instruções, que nós íamos fazer o flagrante. Quem buscou a caixa foi o Hermes, ele foi sozinho”, disse o promotor.

Investigação


Justino da Silva afirmou que o Gaeco, junto com o delegado Rogério Modelli, da Delegacia Fazendária de Cuiabá, está investigando a participação da suposta assessora no esquema.

Ela já teria sido identificada, mas seu nome será mantido em sigilo para não comprometer as investigações.

“É uma situação que nós temos obrigação de investigar. Ele [Hermes] tinha que ter pensado nisso antes de fazer as ligações, de exigir o pagamento. Porque esse dinheiro ia sair do patrimônio público, iria servir para custear a saúde, a educação, pavimentação da cidade, infraestrutura”, disse.

"O Gaeco vai aprofundar em relação a outros casos, em outros municípios também"
Um levantamento junto às outras câmaras municipais também será feito pelo Gaeco, a fim de descobrir se o mesmo crime já teria sido praticado em outras ocasiões.

“Eles instruíram a Câmara a fazer o dinheiro passar por notas de assessoria e consultoria. E parece que eles já têm prática em fazer isso. O Gaeco vai aprofundar em relação a outros casos, em outros municípios também”, afirmou o promotor.

Leia mais sobre o assunto nos links abaixo:

Gaeco prende auditor do TCE-MT acusado de extorsão

Gaeco diz que há provas para incriminar auditor do TCE


Gaeco suspeita que auditor do TCE cobrou mais propina

Fonte MidiaNews

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