sexta-feira, 9 de abril de 2010

O desabafo indignado de uma mulher de caráter

Ao nada o que é do nada

Por Adriana Vandoni, do Blog Prosa e Política

O deputado estadual José Geraldo Riva, portador de 118 ações cíveis e criminais, das quais eu não posso emitir opinião por força judicial – estou sob Censura desde o dia 13 de novembro de 2009 -, em uma entrevista a uma rádio de Cuiabá, disse que abortou seu projeto ao senado por temer forças malignas que, financiadas por alguém, usam a imprensa para difamá-lo, caluniá-lo. Estava se referindo a mim e aos jornalistas Fábio Pannunzio e Enock Cavalcanti. Quem dera tivesse ou merecesse o mérito de livrar Mato Grosso do vexame de tê-lo como representante. Mas sou consciente que a minha participação foi ínfima perto de seu esforço próprio.

Se escrevo sobre qualquer uma das 118 ações que existem contra o deputado, as tenho fisicamente em minhas mãos, li cada uma delas, todas carimbadas pela justiça. Mas o deputado não tem como provar que sou paga por este ou aquele, que escrevo sob encomenda para atender interesses políticos. Essa desculpa Riva usa para desclassificar a justiça desde 91 quando teve sua primeira condenação, por estelionato, revertida um ano depois.

Mas se a justiça até agora tem aceitado o cinismo desta desculpa, é talvez por ser mais cínica ainda. Se a população bovinamente acredita é porque a ela não é permitido chegar a informação. Mas comigo não.

Argumenta o deputado que não é o único culpado pelos “problemas de hoje”, referindo-se aos crimes que lhe são imputados pela justiça, mas não cita nomes. Ora, se assumiu algo cometido por outro, denuncie, revele, mas cadê a coragem? Prefere apenas culpar os “oportunistas” que insistem em divulgar as ações e sentenças que, elas sim, comprometem sua carreira política.

Portanto não venha dar uma de vítima pra cima de mim. Não admito ser colocada na mesma laia dos que supostamente rodeiam e convivem com o deputado. E o desafio a vir a publico dizer quem me paga para escrever. Que prove, se é tão corajoso como seus tementes bajuladores acham que é. Diga nomes. Enfrente de peito aberto e diga quem me banca.

Quero sim medir rabo com o deputado Riva, mas na justiça, lugar para onde ele deve mais explicações que eu. Não admito e não vou jamais admitir que uma pessoa da estirpe deste deputado venha colocar em dúvida a minha honestidade. Se faz parte de seu dia-a-dia pagar jornalistas para lhe puxarem o saco ou se faz parte da sua rotina a compra de idéias, o problema é dele, mas insinuar que eu escrevo sob encomenda é uma leviandade que ele há de engolir, mais cedo ou mais tarde. E não serei eu a fazer isso, será a justiça e a polícia.

Dizer que é um homem corajoso, como disse o apresentador Lino Rossi, expulso da política acusado de corrupção, é falso. O deputado Riva não tem coragem de dizer olhando nos meus olhos que eu sou paga para relatar em meu blog suas enormes pendências judiciais. Fosse ele corajoso e inocente como afirma ser, não estaria hoje desesperado vagando em gabinetes e casas de magistrados buscando uma salvação. Capaz que encontre e na próxima eleição renove o seu alvará de soltura. Mas chegará o dia que ele, como qualquer cidadão brasileiro, terá que responder as acusações que as autoridades lhe imputam e, se for capaz, prove sua inocência.

Se muitos o temem, se o apresentador lhe puxa o saco, se o governador lhe deve favores, se o senador ou o ex lhe bajulam, se o federal lhe deve a eleição,se a imprensa adestrada lhe abana o rabo, comigo é diferente, pois não passa de um homem acusado pela justiça de cometer ilícitos e que por hora ocupa e tem um poder que é transitório. A minha honestidade e moral não são transitórias, como é o seu poder. Não tenho medo, não tenho nada a esconder e nem aceito suborno de qualquer espécie, o que, reconheço, deve assustar os useiros destes métodos. Mas também, e até por isso, não aceito intimidação nem insinuações, expediente dos covardes.

És, deputado Riva, um nada pra mim, mas um nada que deve a mim e ao povo deste estado. Um nada que deve respostas à justiça para a qual há de responder e, caso não consiga provar sua inocência, há de ser um nada na cadeia.
fonte: blog do Pannunzio

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