Escrito por Fábio Pannunzio Ter, 23 de Março de 2010 23:42
Moralização da Justiça começa a gerar reflexos na política de MT
Quatro desembargadores e sete juízes. É este o saldo da faxina inédita que o Conselho Nacional de Justiça está promovendo no estado de Mato Grosso. O número de magistrados aposentados compulsoriamente deve aumentar nas próximas semanas. O próximo da lista é o desembargador Evandro Stábile. Ele é acusado de ter empregado a filha e a namorada na Assembléia Legislativa de Mato Grosso ao mesmo tempo em que despachava favoravelmente ao deputado estadual José Riva, o presidente da Casa, que assinou os atos de nomeação.
Riva é réu em 118 ações civis e penais que correm nas duas instâncias do judiciário de Mato Grosso. Ele é o deputado mais processado do país. Graças à ação deliberada de alguns desembargadores, conseguiu reverter condenações em primeira instância com decisões consideradas suspeitas pelos desembargadores do chamado "Grupo Ético" TJ.
Evandro Stábile se declarou suspeito para julgar processos em que Riva figura como réu depois que o Ministério Público arguiu várias vezes sua suspeição. Nos últimos meses, abdicou de julgar os casos. Isso, segundo fontes do Ministério Público, fez ruir a base do esquema judicial que mantinha o atual presidente da AL praticamente imune, criando-lhe um problema de difícil solução: Não há mais quem lhe assegure a impunidade.
Além disso, Riva também está encrencado numa seara que ele não pode controlar -- a esfera federal. E muito. Talvez nem o próprio saiba, mas está em curso uma investigação sobre negócios suspeitos com títulos do INCRA que pode levar para a "aposentadoria precoce" o político mais popular de Mato Grosso -- e também o mais enrolado.
Riva ainda desfila publicamente como se nada estivesse acontecendo. É figura obrigatória em todas as rodas de bastidores e ainda se dá o direito de projetar cenários em que ele próprio não tem a certeza de que figurará. Em privado, tem dado seguidas demonstrações de preocupação com o futuro.
Preocupações que não estão desprovidas de sentido. Hoje, José Geraldo Riva sequer pode ser candidato. Se não conseguir reverter quatro condenações em primeira instância, é provável -- a esta altura quase inexorável -- que ele sequer dispute eleições.
A preocupação de Riva é louvável. Pode ser que ele já tenha se dado conta de que não há mais espaço na vida pública para gente como ele próprio, José roberto Arruda, Leonardo Prduente, Paulo Maluf e tantos outros políticos que caminham a passos largos para a auto-imolação.
fonte: blog do pannunzio
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