quarta-feira, 27 de junho de 2012

Deputados temem derramemento de sangue em conflito no Araguaia

Gabriela Galvão

   A preocupação com a ameaça de conflito armando entre posseiros e índios Xavante da região do Araguaia, devido à determinação judicial de desapropriação da área remanescente da fazenda Suiá Missú, hoje reserva Marawatsede, tomou conta da sessão desta terça (26) da Assembleia. O presidente da Mesa Diretora, José Riva (PSD), inclusive, mandou um recado para o Governo Federal. Exaltado, disparou que não será surpresa se houver derramamento de sangue na região.
   Riva disparou duras críticas à União, ao passo que elogiou o governador Silval Barbosa (PMDB). Segundo ele, o peemedebista foi até o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo com a proposta de trocar a área para não retirar os produtores da Suiá Missú, o que acabou não prosperando. “Está na hora dos políticos de Mato Grosso irem até a presidente Dilma Rousseff (PT) e pedir piedade para o Estado. Não dá mais para criar reserva indígena”, reclamou.
   O social-democrata citou o exemplo de Apiacás, onde a área produtiva, antes de 2 milhões de hectares, deve ser reduzida a 60 mil. Também desdenhou da realização de audiência pública. “A população inteira diz que não quer que transforme em reserva e vai lá e cria mesmo assim. Por que faz audiência então? O município vai ser reduzido a pó”. Ele ressalta, ainda, que, no caso da Suiá Missú, são mais de 700 famílias que serão desapropriadas em prol de 200 índios.    Já o deputado Adalto de Freitas, o Daltinho (PMDB), principal defensor da “causa”, disse que não existe documentação mais perfeita que da Suiá Missú e garantiu que se lá é passível de desapropriação todas as áreas são. O peemedebista também aproveitou para cobrar dos representantes do Estado no Congresso. “Ninguém falou desse tema na tribuna até agora, mas daqui a pouco vão querer correr para pegar holofotes. A classe política tem que estar na frente e não no rabo”.
   Entenda
   O conflito entre posseiros e índios teve início após a Justiça atender pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai) na demarcação da Terra Indígena de Maraiwatsede. No sábado (23), cerca de 300 produtores e 150 índios bloquearam trecho da BR-158 em protesto contra a decisão. Na noite desta terça (26) a passagem de caminhões e ônibus foi totalmente interrompida, no sentido Posto da Mata a Vila Rica.
   Também foi queimada uma ponte na MT-322, mas o tráfego de veículos está fluindo. O protesto é tão intenso que, nesta segunda (25), o deputado Baiano Filho (PMDB) e o prefeito de Alto Boa Vista Wanderlei Perin (PR) foram detidos pelos manifestantes, numa tentativa de pressionar o Governo a reavaliar a decisão de desocupação da área. A Polícia Federal já está na região.

Fonte RDNWES

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