sexta-feira, 13 de julho de 2012

Governo admite falha da PM em ação truculenta que feriu crianças e idosos em Cuiabá

Da Redação - Lucas BólicoFoto: Lucas Bólico/OD
Governo admite falha da PM em ação truculenta que feriu crianças e idosos em Cuiabá
O secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda (PMDB), admitiu que houve falha policial na ação de reintegração de posse ocorrida no bairro Humaitá, no início da tarde de hoje, na qual crianças e idosos saíram feridos com tiros de munição não letal e golpes de cassetete. Na ocasião, policiais foram “convocados” por dois oficiais de justiça mas não foram autorizados pela Casa Civil para realizar a operação.

A Corregedoria da Polícia Militar ainda investigará os excessos na ação dos policiais. José Lacerda adianta, no entanto, que só o fato de policiais terem participado da ação sem o aval do comitê de conflitos agrários, grupo ligado à Casa Civil, já pode render punição aos PMs envolvidos.

Para a Defensoria Pública, não existem dúvidas de que houve excesso na ação policial. De acordo com o defensor Air Praeiro, a decisão da juíza Vandymara Galvão Ramos determinava apenas que os moradores fossem informados que deveriam sair da área em um prazo de 48h. Os oficiais e a PM, no entanto, agrediram os moradores e demoliram as residências do local.

“Houve abuso de autoridade e de força”, opinou Air. A operação foi comandada por uma aspirante do 9º Batalhão. De acordo com o coronel Osmar Lino Farias, comandante da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, calcula-se preliminarmente que cerca de 13 homens, entre integrantes do 9º Batalhão e membros da Rotam, participaram da ação.

Moradores denunciaram que alguns dos PM's estavam sem indetificação no momento da ação. Para Osmar Lino, no entanto, isso não atrapalha a identificação dos envolvidos.

As vítimas


Pelo menos 45 famílias estavam ocupando a área, que começou a ser utilizada há pelo menos três anos. Cerca de 15 pessoas ficaram feridas na ação, entre mulheres, idosos e crianças. Um garoto de 9 anos, identificado como Raian, guarda nas pernas hematomas de golpes de cassetete.

“Eles [policiais] me pegaram pelo pescoço e me jogaram no chão, ai eu chamei o [meu amigo] Júlio. Ai eles me bateram com o cassetete”, relembra. “Eu tenho medo da polícia", concluiu, mostrando as marcas da agressão.

O idoso Gilbeto Floriano da Silva, 67, levou um tiro de bala de borracha na nádega direita e teve a barriga pisoteada por policiais – a marca da pegada ainda está na camiseta, impressa na altura da barriga.

Governo remedia situação

Após reunião com integrantes da ocupação, o secretário José Lacerda afirmou que o governo dará todo o suporte para as famílias que agora se encontram desabrigadas. Eles estão sendo remanejadas para uma igreja que fica nas proximidades da ocupação.

Além disso, o secretário da Casa Civil solicitou que a Defensoria Pública faça o levantamento dos papéis da área, para ver se é possível fazer a regularização fundiária do local. Os defensores Air Praeiro e Munir Arfox contestam parte da documentação utilizada como base na ação judicial que culminou na reintegração de posse.

Outro lado 

O requerente da área é José Pedro Gonçalves. Em entrevista por telefone ao Olhar Direto, o advogado de Gonçalves, Jesuíno de Farias, afirmou que acompanhou toda a ação com oficial de justiça e negou que tivesse algum morador no momento.

De acordo com Farias, estavam sendo construídas algumas casas no local e no momento em que os oficiais chegaram, os moradores apareceram e iniciarm o confronto, colocando crianças na frente da polícia para formar uma espécie de barreira humana. 
Fonte: Olhar Direto

Atualizada às 20h17
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